Nos últimos anos, o mercado empresarial observou a substituição da palavra sustentabilidade pela sigla ESG. O conceito refere-se à Environmental, Social and Governance – em português Meio Ambiente, Social e Governança -, e surgiu como uma forma do mercado financeiro medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram nos resultados das empresas. E, embora a sigla tenha ganhado maior notoriedade recentemente, a preocupação dos investidores com indicadores sustentáveis não é uma novidade.
Foi, em 2004, que as práticas ESG foram citadas pela primeira vez por um grupo de trabalho do Principles for Responsible Investment (PRI), uma rede relacionada às Organizações das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de levar informações sobre investimentos sustentáveis para os principais investidores e stakeholders.
Depois, em 2005, o termo já constava no relatório “Who Cares Wins”, uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial. Neste episódio, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e mais 50 CEOs de grandes instituições financeiras ao redor do mundo reuniram-se para debater e integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
Segundo especialistas do Climate Change and Sustainability Services e da Ernst & Young, os dados relacionados à prática de fatores ESG são essenciais para a tomada de decisão dos investidores. Isso significa que atuar de acordo com o conceito ESG pode ampliar a competitividade do setor empresarial, indicar o preparo das instituições em relação ao gerenciamento de crises, melhorar a reputação e aproximar os stakeholders essenciais para a operação dos negócios e contribuir para a diminuição dos custos.
Atualmente, estima-se que cerca de 30 trilhões de dólares em ativos estão sob a gestão de fundos que somente aplicam recursos em organizações com práticas sustentáveis. Mais da metade desse investimento encontra-se na Europa e aproximadamente um quarto do valor está aplicado nos Estados Unidos.
No Brasil, mesmo que em escala reduzida em relação aos países europeus e norte-americanos, o movimento apresenta um aumento significativo. Aqui, a definição dos investimentos ESG é entendido como “sustentabilidade e governança”, pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).
E, muito embora os fatores ESG sejam uma preocupação crescente entre organizações por todo o mundo, para que os negócios continuem a demonstrar valor aos investidores, existem também especialistas – que formam um grupo de ecossocialistas – que defendem que o modelo de desenvolvimento sustentável é incompatível com o sistema capitalista. Durante o período das décadas de 1980 e 1990, a globalização acelerada contribuiu para que as sociedades percebessem algum crescimento econômico. Naquele momento, não levar em consideração os riscos socioambientais era a coisa certa, já que o objetivo eram os altos ganhos.
Porém, o desenvolvimento sustentável e o crescimento equitativo não foram uma realidade, colaborando para a desigualdade social e agravando o desequilíbrio ambiental. Daí vem a preocupação destes grupos interessados em desvincular a imagem do desenvolvimento sustentável e ganhos financeiros.
Aspectos que vão além da sustentabilidade
Para James Gifford, um dos criadores do termo, o ESG é um caminho sem volta. Já não se trata mais de ética, apenas, mas de considerar temas como mudanças climáticas e riscos sociopolíticos, afirma o economista. Aí é que entram as questões relacionadas ao social e governança. Os critérios ESG estão totalmente interligados aos “17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, propostos pela ONU, e vão muito além da redução da emissão dos gases que podem afetar a camada de ozônio.
Mas afinal, quais são as boas práticas atreladas a cada uma das letras da sigla?
Environmental (E)
A letra “E” refere-se à palavra environmental, que traduzida significa ambiental. Entre as ações previstas para a proteção do meio-ambiente deve-se destacar: diminuição do impacto da poluição do ar e da água; redução da emissão de gases; utilização de matéria-prima de forma consciente; proibição do desmatamento ilegal; consumo responsável de água; reuso de água e implementação de reciclagem; adoção de energia limpa e renovável; e preservação da biodiversidade.
Social (S)
A letra “S” significa social, em inglês e em português. As ações sociais são aquelas em que a empresa visa o bem-estar coletivo, além de prezar pela segurança e direitos dos colaboradores. Alguns exemplos de medidas sociais são: cumprimento de leis trabalhistas; implementação de programas de diversidade e inclusão; combate ao trabalho infantil ou análogo à escravidão; cuidados com a saúde do colaborador; proteção de dados sensíveis; treinamento e implementação de medidas de segurança; desenvolvimento de projetos sociais; e canal para comunicação entre colaboradores e liderança.
Governance (G)
Por fim, encerrando a sigla, a letra “G” significa governance, ou governança quando traduzida para o português. Desta forma, os valores de governança estão associados às práticas de gestão empresarial ou de administração da empresa, e podem ser semelhantes ao compliance e gestão de riscos. Algumas práticas de governança são: critérios transparentes para designar fornecedores e para aplicar planos de carreira e remuneração de colaboradores; responsabilidade fiscal; implementação de comitê de auditoria; independência do conselho de administração; criação de canais para denúncias; e combate à corrupção.
No Brasil, tanto os critérios ESG quanto o direcionamento de negócios voltados para os ODS estão presentes no planejamento das grandes empresas. Segundo relatório feito por empresas que compõem o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, cerca de 83% das organizações atuam para integrar ODS e ESG às estratégias, metas e resultados.
O que há de se reforçar é que, para serem reconhecidas como empresas que seguem as condutas propostas pelos conceitos ESG, é necessário um rigoroso processo de validação. Como o termo ganhou a atenção do mundo corporativo em pouco tempo, o discurso tem mais facilidade de aderência do que a efetividade das ações. Ou seja, não é incomum que, para manter a visibilidade, as empresas se utilizem do greenwashing, termo em inglês que pode ser traduzido como “lavagem verde” e caracteriza ações de marketing que promovem discursos sustentáveis, mas que não acontecem na prática.
Certamente as empresas que forem pegas realizando o greenwashing sofrerão mais do que se não estivessem idealmente dentro dos parâmetros de sustentabilidade, além de enfrentarem a má avaliação do público e de investidores.
Relação de práticas ESG e Relações Governamentais
O mundo está passando por transformações bastante relevantes, principalmente no que se diz respeito ao processo de revolução digital, o que nos conecta de forma fácil e nos dá acesso a informações de maneira veloz. Essas mudanças fazem com que as pessoas tenham maior possibilidade de conhecer aquilo que estão consumindo. Não à toa, a opinião pública é um dos fatores mais importantes quando pensamos no desenvolvimento de empresas e na implementação de práticas sustentáveis.
Além do interesse em manter o bom desempenho econômico, o fator que alimenta a expansão dos conceitos ESG é a pressão da sociedade, que se revelou mais engajada em cobrar que as organizações adotem práticas sustentáveis e se comprometam em promover a inclusão social. Por isso, as estratégias de marketing precisaram ir além das propagandas e invadiram as discussões em departamentos jurídicos, financeiros e de relações institucionais e governamentais.
As questões ESG alcançaram um outro patamar em termos de responsabilidade e contribuição social, e por isso as demandas de consumidores e empresas necessitam da interlocução dos profissionais de RIG para impactar a agenda pública, tornando temas como economia verde, energia limpa e baixa emissão de carbono em prioridades do governo.
São muitos os assuntos que devem chamar a atenção dos stakeholders para o próximo ano, portanto, quanto antes os profissionais de RIG identificarem as novas demandas relacionadas às boas práticas ambientais, sociais e de governança, mais rapidamente poderão agir para influenciarem os atores-chave que devem atuar na construção de políticas públicas voltadas para o tema em destaque.
A Inteligov monitora todas as proposições que você precisa acompanhar e pode organizar os termos de acordo com a sua necessidade, além de garantir a máxima eficiência de suas operações com segurança e praticidade. Com a nossa inteligência artificial, você será capaz de identificar quais são as ações governamentais que podem impactar a sua empresa, resultando em um risco ou em uma oportunidade.
Para conhecer mais sobre as soluções da Inteligov, basta preencher o formulário para que um especialista entre em contato.