O último encontro do ano, promovido pela Comunidade Inteligov, trouxe um dos assuntos mais importantes para todos: Networking em Relgov. A área de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) é fundamentalmente construída pelas relações humanas, sendo indispensável aos profissionais do setor aprimorar as suas habilidades de comunicação e de estabelecer conexões.
E, mesmo que em todas as profissões seja de extrema importância construir relacionamentos, para quem atua em Relgov essa é quase que uma tarefa obrigatória. Não é concidência que, praticamente todos que estão na linha de frente da interlocução entre agentes públicos e privados, procuram por maneiras eficientes de fazer o gerenciamento de seus contatos, ou como são chamados por esses especialistas, os stakeholders.
Foi assim que Gabriel Marques, coordenador discente do workshop de RI da UCB, estagiário do DPJ Law e influenciador da Comunidade, iniciou o bate-papo da última segunda-feira (12/12). Ele explicou como tomou gosto por se aproximar de pessoas, e como isso foi determinante para escolher a formação na área de RIG.
Já Beatriz Falcão, gerente da Comunidade e especialista em policy, que também estava presente no evento, afirmou em diversas ocasiões como a “arte de se comunicar” é uma aptidão indispensável para ser bem sucedido nas relações governamentais: “Não existe lobista que não sabe se vender, que tem vergonha de falar. É uma profissão em que você precisa ser desenvolto e saber tratar com as pessoas”, afirma.
Embora o networking esteja presente no dia a dia de quase todos os profissionais de RIG, cada fase da carreira vai exigir um tipo de competência para se colocar em prática essa soft skill tão apreciada. Marques explica que um estudante terá que aprender a se relacionar na faculdade, o estagiário deverá entender como ampliar sua rede de contatos, um analista deverá saber conduzir uma interação com agentes públicos, e por aí em diante.
Os primeiros passos do networking
A grande maioria dos estudantes talvez não perceba, enquanto estão na faculdade, que os seus colegas de sala serão os seus colegas no mercado de trabalho, ou talvez possam a se tornar seus clientes, aponta o influenciador. E não apenas isso, alguns deles serão seus concorrentes, ou um deles pode até virar o seu chefe no futuro. Portanto, entender essa dinâmica facilita, e muito, a administrar como serão construídas as relações. Então, não brigue com ninguém e nem crie intrigas!
Engana-se também quem acha que é impossível sair na frente da concorrência estando no primeiro período da faculdade. Essa é uma fase em que, os alunos que valorizam os professores criam uma primeira conexão bastante valiosa: “Na faculdade, os professores são as pessoas que mais conhecem gente e podem abrir as primeiras portas, fazendo indicações”, lembra Marques. Professores costumam prestar atenção na turma e geralmente indicam alunos em quem confiam e que sabem que irão fazer um bom trabalho.
Além da boa relação com professores e colegas, a universidade te dá possibilidades por meio de feiras, eventos, projetos acadêmicos e uma infinidade de outras interações. Como no início da carreira você ainda não foi notado, este é o momento de frequentar lugares para ser visto e conversar com pessoas da área. Mas fique atento aos seus objetivos! Se você iniciou um estágio em uma empresa que faz lobby na área da saúde, faça conexões com pessoas deste setor: “É claro que é importante conhecer especialistas de vários segmentos, mas trace objetivos, saiba quem são as pessoas que você precisa conhecer e onde elas estão”, indica Marques.
Outra experiência bastante positiva que o influenciador contou durante o encontro, foi a forma que ele encontrou, junto a um colega da universidade, de sistematizar um modelo para a construção de perfil parlamentar: “A troca de informações facilita a rotina e mostra como é possível reinventar tarefas e encontrar eficiência”, destacou.
Networking em Relgov pode ser criativo
Ter milhares de conexões no seu LinkedIn, não quer dizer que você seja uma pessoa bem relacionada. Assim que você adiciona uma conexão, se não se apresentar e alimentar esse laço, com conversas, troca de informações e experiências, certamente perderá a chance de conseguir um aliado. “Não saia atirando para todos os lados sem ter uma estratégia”, aconselha a gerente da Comunidade.
Um dos fatores mais importantes para que o networking seja bem sucedido, é entender como você precisa dessa conexão e como você pode ser útil também para aquela pessoa. Essa é a premissa da relaçãol “poder versus influência”. Ao identificar qual a posição de poder que a pessoa que você quer se relacionar ocupa, é possível saber qual o seu grau de influência, que pode mudar conforme sua carreira avançar.
Mas isso não significa que é impossível impactar profissionais que estejam em um nível muito mais avançado que você. Antes de fazer uma aproximação, dê uma boa “stalkeada” em quem você precisa se conectar, encontre pontos em comum para a conversa fluir mais naturalmente.
“Eu estava em uma roda de conversa, num evento em São Paulo, e de repente, uma pessoa de um nível mais avançado de carreira falou algo sobre música. Como eu também me interesso muito sobre o tema, criamos uma conexão. De vez em quando falamos mais sobre música do que sobre política, mas consegui me destacar e chamar a atenção desse stakeholder”, conta Marques.
Por essa razão, alimentar o lado criativo é essencial. Muitas vezes nos apegamos aos aspectos técnicos e esquecemos de nos dedicar à leitura, hobbies, esportes, filmes e outros assuntos que podem se transformar em uma ponte com o outro.
Beatriz confirma que conhecer sobre a trajetória profissional do seu interesse de relacionamento é importante, mas para quebrar o gelo, nada melhor do que saber se a pessoa tem gato, cachorro, filhos, gosta de viajar, etc. “Encontrar gostos em comum facilita o processo, mas não é garantia de uma relação duradoura. Mas sim, te faz sair na frente!”.
Comunicação objetiva te leva mais longe
A comunicação honesta cria conexões mais verdadeiras. As relações duradouras são construídas na base da confiança. Como você se torna amigo de alguém? Certamente não é mentindo. A confiança faz estreitar os laços, e só depois de verificar atitudes que te deixam seguro numa relação é que as pessoas costumam prestar ajuda.
Na prática, quando você se torna amigo de uma autoridade ou tem algum amigo que tem acesso a autoridades, você precisa se colocar em uma posição de pessoa de confiança. Nunca fale sobre as situações que te contaram em segredo, seja extremamente responsável com as informações que chegam até você. Essa será a base da sua boa reputação.
“Hoje em dia, com a tecnologia e a internet, é muito fácil perder o controle do que foi dito, os efeitos colaterais são graves e os erros podem perdurar para sempre”, alerta Marques.
E, em tempos de redes sociais, o networking digital é uma ferramenta que deve sim ser utilizada. Basta saber como! Caso ainda não tenha tido muitas interações com a pessoa que acabou de adicionar no LinkedIn ou Whatsapp, envie uma mensagem lembrando de como se conheceram. É comum esquecer informações sobre o stakeholder, por isso, mantenha o histórico de seus contatos sempre atualizado para não cometer gafes.
Deixar de responder mensagens e sumir, também não é nada educado! Sempre que receber ajuda de alguém, faça um follow up para dizer se o processo deu certo ou não. As pessoas se sentem valorizadas, mantendo apreço por você. Da mesma forma, quando conversar com alguém por mensagens, faça perguntas para manter o diálogo vivo.
Como mensagem final, Marques afirmou que os relacionamentos podem te afetar pessoalmente, e não são apenas um jogo de interesses: “São as conversas que nos salvam como humanidade e podem nos levar a encontrar soluções menos prejudiciais para todos”.
No próximo ano, a Comunidade Inteligov voltará com grandes novidades! Faça já a sua inscrição gratuita e não perca mais nenhum encontro com este grupo que busca por ideias inovadoras em RIG!