Com a evolução dos processos tecnológicos e as constantes mudanças provocadas pela popularização da internet, o amplo acesso à informação e a pluralidade de canais e fontes de conteúdo, a sociedade ganhou mais autonomia e recursos e passou a experienciar novas formas de interagir com o mercado.
A explosão no uso de redes sociais, combinada à mudança no perfil do consumidor, que se tornou muito mais exigente ao longo dos últimos anos, trouxe impactos significativos para as companhias – uma vez que suas ações têm ganhado mais importância diante de seus consumidores. Dessa forma, à medida em que a sociedade se municia de informação, a opinião pública adquire grande relevância e passa a influenciar diretamente os negócios, obrigando o mercado a olhar para questões prementes ao cidadão comum.
A alta exposição sofrida pelas empresas, sobretudo nos meios digitais, dada a grandiosidade de seu alcance, pode ser compreendida como uma das razões para a necessidade de mudança no posicionamento das companhias e de seu relacionamento com o público. Isso porque, cada vez mais, a sociedade busca por marcas comprometidas e engajadas com a transformação social. Ou seja, para que as empresas, sejam elas grandes ou pequenas, obtenham sucesso é fundamental se atentar às ações de responsabilidade social.
Isso significa que para maximizar o desenvolvimento econômico, o mercado precisa assegurar, também, o bem-estar social e minimizar os impactos ambientais. De acordo com pesquisa realizada pela Union + Webster, em 2019, 87% da população brasileira prefere comprar produtos ou serviços de empresas sustentáveis e 70% também estão dispostos a pagar mais caro por isso. Sendo assim, para que as empresas possam garantir a prosperidade de seu negócio no longo prazo é necessário encarar o desafio de atender à demanda cada vez mais crescente por parte da sociedade de contribuir significativamente em relação aos problemas sociais, éticos e ambientais.
A responsabilidade social corporativa
Embora o mundo digital tenha profunda influência e dite grande parte das tendências de responsabilidade social, moldando e formalizando o que se espera em relação a uma postura de maior comprometimento com os impactos que estas companhias geram, este conceito está presente na sociedade há décadas, muito antes das manifestações digitais.
Em 2001, na cidade de Bruxelas, na Bélgica, por exemplo, a Comissão das Comunidades Europeias elaborou o Livro Verde – publicação que registra o objetivo da Comissão de promover a responsabilidade social das empresas. O documento afirma que “ser socialmente responsável não se restringe ao cumprimento de todas as obrigações legais – implica ir mais além através de um ‘maior’ investimento em capital humano, no ambiente e nas relações com outras partes interessadas e comunidades locais.” Dessa forma, é necessário que as empresas façam mais do que a obrigatoriedade prevista em lei; para ser socialmente responsável é preciso repensar a postura adotada e fomentar ações benéficas para toda a sociedade.
Nesse sentido, o desenvolvimento da responsabilidade social dentro de uma companhia deve passar, primeiramente, pela construção da cultura ética organizacional e deve estar orientado para políticas internas e externas. Uma vez que uma empresa está inserida na sociedade, ela tem responsabilidade com todos os entes com os quais se relaciona, sejam eles fornecedores, clientes, governo ou comunidades.
A responsabilidade social corporativa, portanto, diz respeito à maneira como uma empresa lida com o capital humano, ou seja, com as pessoas, em diferentes esferas e contextos. O ponto de partida é justamente a adoção de medidas que tenham em primeiro plano o benefício aos seus funcionários, sua saúde, salários mais justos, promoção dos direitos humanos, representatividade e diversidade em suas contratações, e avaliação e tratativa dos impactos que são causados no ambiente em que se estabeleceu e na comunidade à sua volta.
Ao trabalhar as boas práticas internamente, as empresas também se beneficiam por se tornarem capazes de atrair mais investidores e profissionais, estimulando, assim, o seu crescimento. Para se ter ideia, um relatório desenvolvido pelo Workmonitor revelou que 81% dos brasileiros acham importante trabalhar em uma empresa que tenha um programa de responsabilidade social robusto e 78% pesquisam a atuação das companhias na área de responsabilidade social antes de se candidatar a uma vaga.
Em relação às políticas externas, os impactos para as corporações, públicas ou privadas, são ainda mais palpáveis, considerando que a maneira como elas se posicionam dentro do mercado as tornam mais vulneráveis à opinião pública. A percepção da sociedade diante de suas ações é fundamental para o desenvolvimento econômico e social das empresas. Por essa razão é essencial que suas políticas sejam sólidas – gerando impactos positivos à vida das pessoas – a fim de estabelecer relações de confiança e engajar seus grupos de interesse para garantir sua integridade e fortalecer sua presença no mercado.
E, muito mais do que ser bem vista socialmente, adotar práticas de responsabilidade social traz às companhias, ainda, um fator de diferenciação em um mercado altamente competitivo. Por meio destas ações é possível gerar soluções de benefícios mútuos que tragam mais retorno dos investimentos e, consequentemente, melhores resultados aos negócios.
Responsabilidade social e as relações institucionais e governamentais
Tendo em vista que a acepção da responsabilidade social corporativa é vital para o desenvolvimento do negócio, vale destacar que sua execução também traz impactos às áreas de relações institucionais e governamentais. Isso porque sua prática se relaciona inerentemente com a transparência dos processos e a difusão e propagação de informações.
Com isso, ao comunicar ações e propostas, de modo a unir a sociedade, organizações privadas e agentes do governo, por meio de diálogo aberto e transparente, o departamento de relações institucionais e governamentais se torna absolutamente estratégico para as companhias.
A reputação de uma empresa, construída também a partir de como ela se mostra à sociedade, ressaltando seu comprometimento com a responsabilidade social, gera respeito e autoridade em seu posicionamento. Essa combinação fornece aos profissionais de relações institucionais e governamentais a capacidade de antecipar cenários e analisar, cuidadosamente, a elaboração de políticas e ações estratégicas para a constituição de alianças que possam viabilizar a criação de pontes com o poder público a fim de trazer melhores resultados.
De forma geral, é crucial que toda empresa que deseja perpetuar sua marca incorpore em sua estrutura organizacional a prática da responsabilidade social, ciente de que o caminho para o sucesso traz, ainda, inúmeros benefícios à sociedade.