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Foto do escritorAnna Carolina Romano

O que é uma CPI?


As CPIs, ou Comissões Parlamentares de Inquérito, são um instrumento de investigação utilizado pelo Poder Legislativo para apurar fatos que possam afetar a vida pública. Ou seja, além de analisar projetos e criar novas leis, o Legislativo tem a responsabilidade de fiscalizar e investigar a administração pública, inclusive as ações do Poder Executivo.


Esses instrumentos de fiscalização e controle do poder público são essenciais para manter a ordem e organização dos processos democráticos. Isso porque as CPIs podem resultar em mudanças na legislação e na punição de agentes públicos que não respeitaram as normas constitucionais estabelecidas.

Essas comissões são formadas por parlamentares da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal para cumprirem um objetivo definido, além de atuarem com prazo de validade. Geralmente esses grupos são formados assim que alguma irregularidade é observada no âmbito político, como atos de corrupção.

A abertura das CPIs


Para que uma CPI seja instaurada, é necessário fazer um pedido de abertura, ou requerimento. Esse pedido precisa ser assinado por um terço dos membros da Casa Legislativa correspondente. No caso de não haver assinaturas suficientes, o autor pode tentar aprovar a CPI por meio de apreciação do Plenário.

O pedido de abertura de uma CPI precisa conter a descrição clara do fato a ser investigado, ou fato determinado, e um prazo para que se findem as atividades. É comum que as CPIs tenham duração de 120 dias, podendo ser prorrogadas por até 60 dias a mais da data combinada.

Geralmente, as investigações são conduzidas por um presidente, um relator e membros designados pelos partidos com representação na Casa. Os membros costumam ser indicados pelos próprios partidos políticos, sempre respeitando o critério de proporcionalidade. Então, quanto mais representantes ocuparem cadeiras na Casa, mais membros o partido terá na comissão.

Existem também as Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMIs), que são formadas por deputados e senadores. Além disso, as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores também podem instaurar CPIs, quando se provar um tema com a devida relevância.


Como funcionam as CPIs?


O funcionamento das CPIs é regido por normas próprias, que estabelecem prazos e procedimentos para a realização das investigações. No Brasil, as CPIs são regulamentadas pela Constituição Federal e também pelo regimento interno das Casas Legislativas.

De acordo com a Constituição, as CPIs têm poder de investigação próprio das autoridades judiciais, podendo realizar diligências, ouvir pessoas e requisitar informações e documentos de órgãos públicos e particulares.

As CPIs também podem determinar a condução coercitiva de testemunhas que se recusarem a prestar depoimento, além de poderem solicitar a quebra de sigilo bancário, fiscal e até mesmo o telefônico.

No entanto, todas as diligências, audiências externas, quebras de sigilo, convocações e depoimentos devem ser aprovadas pelo Plenário da CPI para terem andamento.

Assim que os trabalhos da comissão são finalizados, a comissão deve apresentar um relatório de conclusão. Este documento pode se tratar de uma apresentação de novo projeto ou de uma investigação encaminhada ao Ministério Público, órgão responsável por promover a responsabilização civil ou criminal dos indiciados.

Quais os possíveis resultados de uma CPI?


O resultado de uma CPI pode variar dependendo das suas conclusões e recomendações finais. Em geral, as CPIs podem resultar em diversas consequências, tais como:

  • Recomendações legislativas: A CPI pode recomendar a criação de leis ou a modificação de normas já existentes para prevenir a ocorrência de fatos semelhantes no futuro.

  • Ações judiciais: A CPI pode encaminhar suas conclusões ao Ministério Público ou a outras autoridades judiciais para que sejam tomadas as medidas legais cabíveis. Essas medidas podem incluir a abertura de processos criminais, cíveis ou administrativos contra pessoas ou empresas envolvidas nos fatos investigados.

  • Afastamento de autoridades: Se as investigações apontarem irregularidades ou crimes cometidos por autoridades públicas, a CPI pode recomendar o afastamento dessas pessoas de seus cargos, com base na Constituição e nas leis do país.

  • Indenizações: Em casos de prejuízos financeiros causados a pessoas ou empresas, a CPI pode recomendar o pagamento de indenizações aos responsáveis.

É importante ressaltar que, embora as CPIs tenham poderes para investigar e apurar fatos, suas conclusões e recomendações não têm caráter vinculante. Isso quer dizer que as autoridades e instituições competentes podem ou não acatar as recomendações da CPI, dependendo da análise das provas e da interpretação das leis aplicáveis.

No entanto, as conclusões de uma CPI podem ter grande impacto na opinião pública e na reputação dos envolvidos nos fatos investigados.

Algumas CPIs acabam ganhando maior repercussão no país por se tratarem de irregularidades, crimes e fatos que comprometem a administração pública e a sociedade de forma geral. Alguns exemplos são:

  • CPI do Banestado (2003): A CPI do Banestado foi instalada em 2003 para investigar as remessas ilegais de dinheiro para o exterior por meio do Banco do Estado do Paraná (Banestado). A investigação apurou que cerca de US$30 bilhões foram enviados de forma irregular, envolvendo diversas empresas e pessoas físicas.

  • CPI da Petrobras (2014): A CPI da Petrobras foi instalada para investigar o esquema de corrupção envolvendo a empresa estatal de petróleo. A investigação, conhecida como Operação Lava Jato, revelou a existência de um esquema bilionário de pagamento de propina envolvendo a Petrobras, empresas contratadas e políticos.

  • CPI da Covid-19 (2021): A CPI da Covid-19, exemplo mais recente, foi criada para investigar as ações e omissões do governo federal e de estados e municípios durante a pandemia do novo coronavírus. A CPI apura a falta de insumos, atrasos na compra de vacinas e a condução da política de saúde durante a pandemia.

Essas são apenas algumas das CPIs que tiveram grande repercussão no Brasil. Recentemente, uma comissão foi formada para investigar os atos de vandalismo cometidos contra os Três Poderes, conhecida como a CPI do 08 de janeiro.

Acompanhar as investigações conduzidas pelas CPIs é importante para o cenário governamental, pois os fatos apresentados podem afetar a popularidade de parlamentares e impactar pautas de diversos grupos de interesse.

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