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Foto do escritorAnna Carolina Romano

O papel do advocacy para políticas públicas



Nesta semana, a Comunidade Inteligov teve a honra de receber uma figura de destaque no cenário da incidência política: Arquias Cruz, assessor de advocacy internacional e professor de advocacy e políticas públicas.

O evento online contou com a apresentação de Gabriel Barreto, especialista em soluções de RIG da Inteligov. A palestra foi direcionada especialmente para profissionais de relações institucionais, governamentais e áreas correlatas, com o objetivo de disseminar conhecimento sobre o papel estratégico do advocacy no contexto das políticas públicas.

A Comunidade Inteligov se destaca como um hub de interação dedicado a profissionais que compartilham o interesse em defender interesses e fomentar a interlocução entre os setores público e privado.

Seu propósito é claro: promover a inovação, disseminar conhecimento e viabilizar conexões valiosas entre os membros, proporcionando uma plataforma única para a troca de ideias e experiências relevantes.

Nesta cobertura especial, apresentaremos as principais reflexões e insights trazidos por Arquias Cruz, explorando o papel essencial do advocacy como uma ferramenta estratégica na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas, também com foco em organismos internacionais.

A prática do advocacy na esfera internacional


No início do debate, Gabriel comenta sobre como a política que ocorre em espaços internacionais difere da institucionalidade em nível nacional, que é pautada pelos Poderes Legislativo e Executivo, e entidades da sociedade civil.

Para contextualizar as diferenças da prática de advocacy entre profissionais que lidam com organismos nacionais e internacionais, Arquias explica que a esfera internacional pode apresentar aspectos muito desafiadores, por conta da barreira de idioma e de dinâmicas geopolíticas.

A esfera internacional é muito rica e desafiadora, justamente por ampliar o leque de possibilidades, por conta de diferentes ambientes, stakeholders, e também pelas dinâmicas geopolíticas que estão envolvidas.”, pontua Arquias.

Arquias destaca que a incidência política internacional deve influenciar as decisões políticas ao envolver a participação em conferências internacionais, a colaboração com organizações internacionais e a promoção de questões em nível global.

O especialista cita que o profissional que lida com campanhas de advocacy em organismos internacionais também deve conhecer o efeito boomerang - como é mencionado na literatura das relações internacionais -, e que significa buscar em outros ambientes a pressão necessária para influenciar as suas causas internas.


A importância das coalizões para facilitar o fluxo de trabalho


Em diversos momentos da conversa, Arquias destacou a importância das coalizões como uma ferramenta poderosa para o advocacy, com o argumento de que elas permitem que organizações e indivíduos tenham a chance de unir forças para promover causas em comum.

Além disso, as coalizões podem ser particularmente úteis em contextos internacionais, onde a representação e o acesso podem apresentar maiores dificuldades para as partes desempenharem um poder de influência.

Arquias também mencionou que trabalhar em coalizão pode ser uma oportunidade de aprendizado. Ele afirma que essa é uma das formas que os profissionais utilizam para aprender uns com os outros, o que pode ajudar a melhorar suas práticas de advocacy.


Outra questão importante levantada por Gabriel durante o evento foi a responsabilidade do advocacy em levantar discussões relevantes para a sociedade civil. Pensando nessa perspectiva, Arquias contou como é feito esse trabalho de mobilizar as pessoas, formular uma pauta e apresentá-la aos tomadores de decisão.

A base desse trabalho é o diálogo. Mas, mais importante do que saber se comunicar e falar bem, é saber escutar.”, afirma Arquias.

Para refinar as pautas e iniciar o processo decisório na política, o profissional de advocacy deve ter o compromisso ético de entender todas as perspectivas do problema. Só assim ele estará apto a apresentar possíveis soluções para as diferentes partes envolvidas.

Já sobre a participação social, essa deve ser uma das práticas defendidas pelos profissionais de advocacy, pois na visão do especialista, o representante das pautas não deve ofuscar o grupo a quem ele representa, garantindo a sua legitimidade.

Os grupos de interesse da sociedade civil e os representantes devem trabalhar em parceria, uma vez que é dever dos profissionais de advocacy agregar valor à matéria por meio da competência técnica e qualidade política para o debate com os decisores.

Avaliando o sucesso das campanhas de advocacy


Arquias discutiu a importância de avaliar o sucesso das campanhas de advocacy e mencionou alguns indicadores que podem ser usados para essa avaliação. Ele ressaltou que, embora a mensuração do trabalho ainda esteja em desenvolvimento, especialmente no contexto internacional, existem algumas maneiras de avaliar o impacto das campanhas.

"O primeiro passo para avaliar o sucesso de uma campanha de advocacy é definir claramente seus objetivos. Isso pode incluir a aprovação de uma lei, a renovação de uma política pública, ou a mobilização de autoridades em prol de um posicionamento.”, pontua.

Além disso, a quantidade de autoridades e parceiros que foram mobilizados em prol da campanha; a quantidade e qualidade de conteúdo produzido, como relatórios, documentos de pesquisa e artigos; e alcance de engajamento da campanha são outros indicadores que devem ser acompanhados.

Um exemplo de política pública bem-sucedida, mencionado por Arquias, é a Lei Maria da Penha. Neste projeto, o advocacy desempenhou um papel fundamental na promoção por mudanças na legislação brasileira sobre a violência doméstica.

Nos momentos finais da conversa, Arquias também falou sobre como a tecnologia tem impactado as práticas de advocacy. Desde atividades relacionadas à comunicação até o monitoramento legislativo, as novas tecnologias têm ganhado espaço nas campanhas.

“Acompanhar a agenda de autoridades e as matérias discutidas no Congresso Nacional facilita bastante o nosso preparo para o diálogo com os mandatos que podem ser mais abertos para as nossas pautas.”, destaca Arquias.

No entanto, na opinião do especialista, é preciso ter cautela ao utilizar a inteligência artificial e não deixar de lado a experiência e análise humana. Afinal, o advocacy é embasado no senso crítico e relacionamentos.

Para assistir ao evento completo, acesse este link!


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