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Inflação no Brasil: o que está por trás da alta do preço do chocolate

  • Foto do escritor: Anna Carolina Romano
    Anna Carolina Romano
  • há 2 dias
  • 4 min de leitura


Inflação no Brasil: o que está por trás da alta do preço do chocolate


A inflação no Brasil voltou a ser um tema central durante a Páscoa de 2025, com a disparada no preço dos chocolates. Os tradicionais ovos de chocolate, presentes em muitas casas brasileiras, ficaram mais caros e mais difíceis de encontrar nas prateleiras. 


Essa alta alimentou debates sobre o custo de vida e a eficácia das políticas econômicas do governo. Diversos fatores explicam o aumento, como a crise global na oferta de cacau, a dependência brasileira de matéria-prima importada e o impacto dessa inflação na percepção pública. 


A seguir, vamos entender em detalhes as causas dessa alta, como ela se conecta à inflação no Brasil e o que pode ser feito para minimizar esse problema.


Escassez global de cacau eleva preços do chocolate


O mundo enfrenta uma escassez sem precedentes de cacau, o que tem pressionado os preços internacionais do produto e, consequentemente, encarecido os chocolates. 


Nos últimos dois anos, o valor do cacau saltou de cerca de US$2 mil para mais de US$12 mil por tonelada – um aumento alarmante, impulsionado por problemas climáticos e fitossanitários nas principais regiões produtoras. Gana e Costa do Marfim, países que respondem por 70% da produção mundial de cacau, enfrentaram condições climáticas adversas e o avanço de doenças fúngicas, como o Vascular Streak Dieback, que reduziram significativamente a oferta de cacau.


Essa escassez provocou um déficit global estimado em mais de 400 mil toneladas de cacau em 2024, resultando em uma pressão crescente sobre os preços. Com a demanda se mantendo alta e a oferta em queda, o cacau se tornou um produto raro e disputado.

Pessoa despejando uma cesta com cacaus em um pilha da fruta
Preço do cacau disparou. O motivo? Escassez de matéria-prima e alta demanda.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o preço do cacau quase triplicou no último ano. Em consequência, a crise do cacau global refletiu diretamente nos preços dos chocolates vendidos em mercados como o Brasil.


Dependência de cacau importado desafia a indústria brasileira


Apesar de ser um gigante agrícola, o Brasil não é mais autossuficiente na produção de cacau. O país ocupa a 6ª posição no ranking global de produtores, mas ainda depende de grandes importações de cacau, especialmente da África Ocidental, para atender à demanda interna. 


Em 2024, o Brasil colheu apenas 179 mil toneladas de cacau, uma queda de 18,5% em relação ao ano anterior, devido a condições climáticas adversas e doenças nas plantações. Como resultado, a produção nacional não foi suficiente para abastecer o mercado, e as importações diminuíram, mas ainda assim, não conseguiram suprir toda a demanda.


Essa situação tem levado a indústria brasileira a pagar mais pelo cacau importado, o que eleva o custo de produção dos chocolates no país. Como reflexo, na Páscoa de 2025, a produção de ovos de chocolate caiu 22%, enquanto os preços de chocolates em barra e bombons subiram 16,53% nos 12 meses até o início de 2025, muito acima da inflação média do período.


Mesmo com medidas como o ajuste no tamanho dos ovos (reduflação), o impacto da alta do cacau foi inevitável.


Preços altos de alimentos e a percepção da inflação


O aumento nos preços dos alimentos, especialmente o chocolate, tem um efeito direto na percepção pública sobre a inflação no Brasil.


Produtos de consumo popular, como o chocolate, funcionam como um termômetro para as famílias, que sentem a alta de preços no dia a dia, mesmo quando os índices oficiais, como o IPCA, mostram uma inflação moderada. Embora a inflação acumulada em 12 meses esteja em torno de 4% a 5%, itens como chocolates, azeite e outros produtos típicos de datas comemorativas chamam mais atenção.

Cestas de alimentos em cima de pilhas de moedas que vão da menor para a maior
Preços dos alimentos em alta tem efeito direto na percepção pública sobre a inflação.

Na Páscoa de 2025, por exemplo, uma pesquisa indicou que a cesta de consumo típica da data, incluindo chocolates, teve um aumento de 5,3% entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025. Esse aumento está levemente acima da inflação geral, mas a alta nos preços dos chocolates foi muito mais perceptível para os consumidores. Além disso, pesquisas de opinião indicam que uma grande parte da população vê o governo como responsável por essa alta nos preços.


Medidas e perspectivas para conter a inflação e estimular a produção


Diante desse cenário, o que pode ser feito para conter a inflação no Brasil e aliviar os preços do chocolate? No curto prazo, controlar os preços do cacau depende de fatores externos, como a normalização da oferta global, e de fatores internos, como políticas econômicas e ajustes tributários.


Uma medida discutida é a redução da tributação sobre alimentos e insumos críticos, como o cacau, para reduzir os custos de produção. Outra medida importante envolve a política de juros: o Brasil mantém taxas de juros elevadas para conter a inflação, mas essa ação não resolve os problemas relacionados à oferta de cacau. 


Para combater a escassez e melhorar a oferta interna, o governo lançou o Plano Inova Cacau 2030, que visa dobrar a produção nacional de cacau até 2025 e alcançar 400 mil toneladas anuais até 2030. Esse plano inclui investimentos em pesquisa e inovação tecnológica para aumentar a produtividade e resistência das plantações.

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Além disso, o governo federal está apoiando os cacauicultores com linhas de crédito específicas para melhorar a produção e renovar as plantações. O Projeto de Lei 479/2024, que tramita no Congresso, também propõe a reestruturação da cacauicultura e o perdão de dívidas dos produtores da Bahia, região historicamente afetada por doenças nas lavouras.


O caminho para a estabilidade


Com a alta nos preços do chocolate e a inflação no Brasil impactando diretamente o orçamento das famílias, é essencial entender as variáveis econômicas e políticas que estão por trás dessas mudanças. Embora o Brasil enfrente desafios para lidar com a escassez de insumos e a volatilidade global, existem medidas que podem ajudar a estabilizar o mercado a médio e longo prazo.


A Inteligov pode ser uma aliada essencial para empresas e governos que buscam se adaptar a um ambiente econômico instável. Nossa ferramenta oferece monitoramento regulatório e de legislações, permitindo que você se antecipe às mudanças que impactam a sua área, como as relacionadas ao mercado de alimentos e commodities. 



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