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A cultura da diversidade nas empresas

Atualizado: 24 de fev. de 2023

O debate sobre a diversidade tem sido cada vez mais presente e, embora o conceito não seja novidade, o termo vem ganhando espaço e sendo amplamente discutido pela sociedade. Em 2019, o número de buscas no YouTube sobre diversidade e inclusão aumentou 71% e, atualmente, no Brasil, o volume de pesquisas sobre o tema é duas vezes maior do que o realizado em 2012.


À medida em que o tema ganhou força, a diversidade deixou de ser apenas um conceito explorado, principalmente, nas redes sociais e passou a ser difundida também como um importante objeto para a construção da cultura organizacional das empresas. Cada vez mais as companhias passam a entender a importância de debater sobre a criação de ambientes diversos, a fim de promover ações que possam beneficiá-las enquanto empresa, mas, também, sejam capazes de mitigar as desigualdades sociais e oferecer oportunidades a todos os cidadãos que vivem à margem da sociedade.


E é justamente no contexto de abrir possibilidades para os mais variados profissionais que se faz necessário compreender a distinção entre diversidade e inclusão – conceitos diferentes que são, muitas vezes, tidos como sinônimos. A diversidade pode ser entendida como a presença de indivíduos com diversas origens, idades, raças, orientações sexuais, práticas religiosas, necessidades especiais, entre outros. Já a inclusão é um passo além: é a diversidade na prática; significa garantir que todas as pessoas tenham chances iguais em seus desenvolvimentos e recebam as mesmas oportunidades. Trata-se de, literalmente, incluir e criar políticas que assegurem o respeito à pluralidade.


A importância da diversidade nas empresas

É fato que o debate acerca da diversidade e a promoção de ações inclusivas é vantajoso para toda a sociedade. Mas, mais do que isso, ao criar uma cultura que preza por um ambiente diverso, as empresas ganham inúmeros benefícios. Entre eles é possível observar a melhora nos resultados em relação a valores como criatividade e inovação. Equipes homogêneas tendem a ter um perfil semelhante, desde sua formação até a experiência e estilo de vida. Ao trazer profissionais diversos, as chances de obter um olhar diferente sobre uma mesma questão são maiores e, portanto, aumentam a capacidade de resolução de problemas por abordar pontos de vista distintos.


A troca realizada pelos times, proporcionada por uma maior integração, pode resultar em profissionais mais empáticos e motivados e, dessa forma, com menos conflitos internos. Isso permite que as equipes possam se tornar mais produtivas e, assim, gerar melhores resultados para a organização.


Outro importante fator é que ao desenvolver uma cultura organizacional que valorize a diversidade há menor índice de rotatividade, uma vez que as pessoas reconhecem o local onde trabalham como um ambiente saudável e inspirador. Com isso, além de representar um ganho para as empresas em termos financeiros, considerando que desligamentos e abertura de processos seletivos geram altos custos, as companhias têm a chance de atrair mais talentos e consolidar sua posição no mercado como uma empresa inclusiva.


Para se ter ideia, de acordo com um estudo realizado pela Deloitte, em 2017, 23% das pessoas disseram já ter deixado um emprego para buscar por empresas que tivessem políticas de diversidade e inclusão bem definidas. Além disso, uma pesquisa feita pelo LinkedIn apontou que 75% dos candidatos levam em consideração a marca empregadora antes mesmo de se inscrever para uma vaga. Dessa forma, é possível observar que a reputação de uma organização se torna um diferencial competitivo de extrema relevância e que o fortalecimento de sua marca passa, também, pela construção de um sólido plano de diversidade.


Por outro lado, empresas que não adotam a diversidade em sua cultura e não praticam a inclusão podem sofrer grandes impactos negativos, justamente porque a falta destes elementos pode prejudicar a imagem da companhia, além de reduzir sua capacidade de contratação de bons profissionais – o que, consequentemente, resulta em menos lucro. Um estudo realizado pela consultoria McKinsey reforça essa tese ao mostrar que empresas com maior diversidade de gênero em cargos executivos, por exemplo, têm 21% mais chance de ter lucros acima da média. Já no caso da diversidade étnica, esse número sobe para 33%.


Diversidade e inclusão na prática

Apesar da discussão sobre o tema ser recorrente, os discursos ainda precisam sair da teoria e é nesse momento que a área de Recursos Humanos ganha ainda mais relevância. O RH tem um papel essencial a ser desempenhado para o fortalecimento da cultura da diversidade dentro das empresas, uma vez que a prática é, também, aplicada nas etapas de seleção e contratação.


No entanto, a área precisa de suporte para dar vida ao processo: é necessário que os profissionais à frente do recrutamento sejam bem treinados para que possam atuar livres de julgamentos. Mudar o processo seletivo, de modo que ele seja construído para avaliar competências técnicas e comportamentais que dialoguem com a cultura da empresa, mas sem juízo de valor, pode ser um primeiro passo para contratações mais inclusivas.


Além de contar com a participação da área de Recursos Humanos, diante da relevância da diversidade no cenário atual, muitas organizações têm criado um espaço exclusivo para a atuação dos chamados Chief Diversity Officers (CDOs) – profissionais especializados que são responsáveis pela implementação de programas de diversidade e inclusão e por sua difusão dentro das empresas.


De acordo com o estudo Chief Diversity Officers Today: Paving the Way for Diversity & Inclusion Success, a quantidade de empregos para estes profissionais cresceu mais de 35% globalmente em 2019. Isso mostra que a diversidade tem ganhado um papel cada vez mais estratégico e fundamental para os negócios.


Vale ressaltar, no entanto, que além de criar políticas de inclusão para a contratação de profissionais diversos é absolutamente essencial que os programas visem o bem-estar das pessoas durante todo o período de atuação.


A cultura das empresas precisa ser concreta, de forma que mais do que ser simplesmente escolhido para a vaga, o profissional tenha liberdade para ser quem é sem ter de se preocupar com condutas preconceituosas e de assédio durante o dia a dia. Mais do que isso é importante que as ações voltadas à diversidade e inclusão sejam refletidas, também, na igualdade salarial entre gêneros que desempenham a mesma função, no aumento da participação de mulheres e negros a cargos de gestão, na criação de políticas que prezem pelo respeito a funcionários LGBTQIA+ e às diferentes crenças religiosas, por exemplo.


É fundamental, ainda, que as empresas compreendam a necessidade de atuar sobre a diversidade e que incorporem a inclusão como um valor essencial em sua cultura, criando programas que possam trazer grandes impactos para a sociedade e indo muito além do que obriga a legislação, como acontece com a Lei de Cotas, onde organizações com mais de 100 funcionários devem preencher de 2% a 5% das vagas com funcionários reabilitados ou pessoas com deficiência.


Por fim, o respeito à diversidade no mercado de trabalho e a promoção de iniciativas de inclusão são vitais para que empresas possam ser sustentáveis e para que a sociedade possa crescer como um todo, oferecendo à toda população oportunidades mais justas.

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